O melhor alfajor
O melhor alfajor

O melhor alfajor não existe!

Existem tantas marcas de alfajores pelo mundo quanto existem estrelas no céu. É impossível uma avaliação justa para eleger o melhor. Se você encontrar alguém dizendo que a marca X é a melhor, fuja. Você está sendo enganado! Por isso aqui no Sobremesah ensinamos você a eleger o seu alfajor preferido!

por Joyce Galvão

Quando você viaja para a França, qual doce é imperdível? Éclair de chocolate, um croissant bem folhado que desmancha na primeira mordida? Hummm… talvez um sorvete de caramelo salgado na Berthillon? Se for na Itália um cannolo bem recheado, na Alemanha o lebkuchen ou uma fatia generosa de Schwarzwälder Kirschtorte? Em Portugal vale pegar fila para comer um pastel de nata quentinho! Então, seguindo a lógica: uma vez na Argentina, coma alfajores! Certo?

O alfajor é o doce dos argentinos como o brigadeiro é dos brasileiros. É encontrado em todos os lugares (em especial nos kioscos) e atravessa todas as classes sociais. Você vai ver pessoas comendo no metrô, em cafés chiques e nos restaurantes mais sofisticados do país. Argentinos são nostalgicos – basta ouvir tango! – e o alfajor é um doce cheio de memórias!

Pergunte a um argentino e ele vai relembrar de toda uma vida movida a alfajor. Assim como nós, brasileiros, nos recordamos do cheiro dos bolos de nossas avós! Se por um lado a guloseima está totalmente ligada à identidade dos argentinos, a partir de 1850, o desenvolvimento do doce se acelerou tanto que em um único kiosco você encontra ao menos 40 tipos diferentes de alfajores: sem glúten, com recheios variados, com outros tipos de bolachas, como oreo, e por ai vai. (qualquer semelhança com nosso brigadeiro é mera coincidência! Ou não…)

Mas a estrela principal é o alfajor recheado com doce de leite. Dois biscoitos que desmancham na boca unidos por uma camada generosa de doce e que podem tradicionalmente ser cobertos (baño de reposteria) com glacê ou chocolate. Os biscoitos podem ser feitos com amido de milho, conhecidos como maicena, ou com uma massa de bolo mais quebradiça e seca.

Supostamente originários do Oriente Médio (do hispano-árabe al-hasú, em tradução literal, o recheio) podem ser encontrados em toda a América do Sul. E para os argentinos que se danem os registros: a receita original é dos nossos hermanos e isso, nem a história pode discutir! Aliás, o melhor alfajor do mundo também é argentino, e Maradona é melhor que Pelé. Isso, segundo os argentinos…

Maradona ou Pelé, não importa, o fato é que o país domina junto com o Uruguai o posto de maiores e melhores produtores DO MUNDO. A principal diferença é que o mercado argentino parece estar mais consolidado e desenvolvido, com maior quantidade de marcas e que, principalmente, se internacionalizaram, como a Havanna que pode ser encontrada no Brasil.

ONDE COMPRAR

Comprar alfajor na Argentina, em especial Buenos Aires, pode parecer tarefa fácil, mas algumas marcas precisam ser garimpadas em lojas especializadas e é preciso saber onde comprar para não gastar o dobro do valor em produtos idênticos! Pois acredite, até em farmácia você vai encontrar opções para presentear a família…

As marcas mais populares são Havanna, Cachafaz, Guaymallen, Guolis (você encontra no The Coffee Store, com lojas espalhadas por toda a cidade) e Capitán del Espacio (a marca idolatrada por alguns argentinos pode ser encontrada especificamente em BsAs na Arenales, no bairro da Recoleta. Entre a Ayacucho e Riobamba!). Se você quiser algo mais artesanal tente a El Aljibe, vendido em lojas específicas ou, diretamente na loja da marca em Lújan, província de Buenos Aires. Não deixe de provar o Rogel. Na verdade, peça um de cada, por favor!

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  • O primeiro lugar que você deve caçar alfajor é em um kiosco! Espalhados por toda a cidade, são pequenos comércios de conveniência que funcionam 24 horas e possuem uma oferta bem variada de marcas, especialmente as mais populares. Vale para comprar para consumo imediato, já que os kioscos tendem a cobrar um pouco mais caro, ou para garimpar aquela marca que você não encontrará em outros lugares.
  • Depois o destino é o supermercado. Eu amo ir a supermercados em outros países e pensar como eu me alimentaria vivendo por ali. Em termos de preço esse é o lugar certo para comprar em quantidade, entretanto a oferta de marcas é bem pequena. Entre elas: Terrabusi, Jorgito e Cachafaz (que é uma ótima opção para presentear!).
  • Em Buenos Aires existem as lojas de golosinas, com certeza você vai se deparar com a Compañia de Golosinas ou a Dulsisa. Essas lojas vendem doces a preço de atacado e possuem uma grande variedade de marcas. Vale a pena se você tem como objetivo comprar alfajor até para os vizinhos!
  • Agora se você está em busca do melhor alfajor precisa ir em lojas especializadas como a Dulce de Leche & Co ou a La Casa del Dulce de Leche. São nessas duas lojas que você vai encontrar marcas exclusivas e com a oportunidade de provar os produtos antes de comprar. Ou nas lojas (ou kioscos) de marcas próprias, onde você encontra a maior variedade de opções de uma mesma marca. Eu geralmente busco essas lojas quando quero comprar alfajorcitos, que são mini alfajores!

O que é mais importante em um alfajor?

Equilíbro é a palavra do século XXI. Se é tão importante ter na vida, imagine no alfajor!

O que torna o alfajor um doce tão especial é a soma de seus componentes de maneira equilibrada, ou seja, o chocolate mais escuro na cobertura não está lá pela cor, e sim para contrastar e equilibrar com o dulçor do doce de leite que, por sua vez, deve unir os biscoitos e torna-los macios e úmidos. Essa união de cobertura, biscoitos e recheio é o alfajor. E algumas marcas simplesmente não conseguem esse nirvana! Não conseguem…

As piores falhas que um alfajor pode ter são: pouco recheio, o que é quase um insulto! Biscoito esfarelento e com excesso de essência. Os baños de reposteria com base de gordura hidrogenada, deixando uma consistência plástica e sebosa (na linguagem popular “cera de vela”). E doce de leite ruim. Não existe nada pior do que um doce de leite ruim. NADA!

E qual é o melhor afajor?

Você chegou até aqui para eu dizer: não tem!

Desculpa a decepção, mas não existe o melhor alfajor! Primeiro que existem marcas que tendem ao infinito e é impossível provar todas. Segundo que, para uma análise justa, seria necessário classificar os alfajores em categorias: os encontrados em kioscos, que são mais populares, os artesanais, os considerados premium, os de maicena, com diferentes tipos de recheio, separados por região… E seguimos em progressão geométrica!

Mas… Mas! A gente tentou!

Das marcas encontradas em kioscos os que valem a mordida são: Jorgito (um dos melhores recheios de doce de leite), Fantoche Night, Capitán del Espacio (o mito!), Águila e Suchard (de mousse). Fuja dos alfajores da marca Arcor, como o Bonbon e o Fulbito. É morder e cuspir!

Fora dos quiosques é praticamente impossível eleger um ranking. Para mim, ao menos, parece injusto. Por isso, vamos falar em recomendações!

SEIS ALFAJORES QUE VOCÊ NÃO PODE DEIXAR DE PROVAR

Cachafaz ⭐⭐⭐

O eleito da maioria dos turistas é a marca que quebrou a hegemonia da Havanna e reina soberana em todos os estilos de alfajores: maicena, chocolate negro ou branco e mousse.
O clássico, de doce de leite com cobertura de chocolate e o mousse, que ao invés de doce de leite, tem recheio de mousse de chocolate e massa mais crocante, seriam os meus preferidos se não existisse entre eles o alfajor de maicena: massa macia, delicada, sem nenhum tipo de cobertura e una buena franja de dulce de leche envolvido em coco ralado!
Os alfajores da Cachafaz são menos doces, a massa tem textura corretíssima, desmancha na boca mas não desmorona nas mãos e a cobertura (quando existe) é de excelente qualidade.

A venda nos principais supermercados de Buenos Aires.

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Entre Dos ⭐⭐⭐

De produção na cidade de Mendoza ganhou fama após ser premiado como o melhor alfajor argentino na Fiesta Nacional del Alfajor.
Existem as versões clássicas, com chocolate branco ou negro e recheio de doce de leite, e as diferentonas com rum e crocante de amendoim (também premiada), uísque, conhaque com amêndoas e o recheado com geleia de pêssego.
Dizem que o recheio de doce de leite corresponde a 50% do peso total do doce. E o doce de leite deles é muito gostoso! Por isso, além dos alfajores vá atrás dos conitos! Um pesadelo de bom!!!
É o meu preferido pois tem textura mais macia e não tão “biscoituda”, o doce de leite é bem cremoso e o chocolate da cobertura é bem saboroso.
Para encontrar não é tão fácil, por isso busque a Dulce de Leche & Co e o Mercado Central de Mendoza.

Onde encontrar

Capitán del Espacio ⭐

É a marca artesanal favorita do Papa Francisco!
A empresa foi fundada em 1962 e se tornou a maior lenda da Argentina.
A empresa continua pequena e familiar, indo na contramão das multinacionais e de toda algazarra do marketing moderno. Em 2006 ganhou o título de melhor alfajor contra suas duas grandes rivais, com presença em todo o país: a Jorgito e a Terrabusi.
São quatro tipo de alfajores (branco, chocolate, fruta e por tres) que ganham espaço nesse ranking mais pela nostalgia do que por ser realmente um bom alfajor. Dizem que o Jorgito é melhor, na dúvida, fique com os dois!

Não é um alfajor premium, mas o preço é acessível, a experiência nostálgica válida e você não vai encontrar esse astronauta em nenhum outro lugar do mundo! Por isso só é um luxo poder conhece-lo!

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Egolatra ⭐⭐⭐

É uma confeitaria moderninha que conquistou o prêmio de melhor alfajor do país na XXII Fiesta Nacional del Alfajor. A embalagem por si já vale o presente: é linda e diferentona. O produto é de excelente qualidade e o doce de leite delicioso (e generoso).

Aposte nos clássicos cobertos com chocolate branco ou negro Republica del Cacao, recheados com doce de leite. Prove o de mousse com pedaços de nozes e amêndoas, não perca a oportunidade de conhecer o alfajor cordobés com doce de leite ou recheio de frutas vermelhas, e o meu preferido: de maicena com flocos de coco.

A loja fica em Córdoba, não é aberta ao público e só funciona com hora marcada e encomendas prévias.

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Abuela Goye ⭐⭐

Uma das primeiras e mais conhecidas marcas premium do país, diretamente da Patagônia argentina, que fizeram frente à conhecida Havanna. A marca oferece alfajores recheados com doce de leite e cobertos com chocolate branco, meio amargo ou glacê, recheados com amêndoas, nozes, framboesa, mousses…
A versão clássica (de doce de leite com cobertura de chocolate) possui textura levinha, que desmancha na boca. A versão de doce de leite com cobertura de chocolate branco possui textura leve, com biscoito maicena.
Além de alfajores a marca vende chocolates, drageados, sorvetes e tortas. Por isso, para comprar só em lojas da marca – as principais na Calle Florida ou nas Galerias Pacífico.

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El Aljibe ⭐⭐⭐⭐

Para mim, de todos, é o melhor!
O que eu gosto do El Aljib, além de ser uma marca artesanal – por isso você só vai encontrar em lojas especializadas como a Dulce de Leche & Co ou na loja da marca em Lújan – é que eles não cobrem o alfajor completamente, então o sabor do chocolate (ou do merengue) fica bem mais equilibrado. Com isso você sente o biscoito e o doce de leite com doses suaves do chocolate.
Só de escrever essas palavras já estou salivando!
A embalagem foge do clichê papel dourado – os alfajores são embalados no vintagem plastiquinho (não muito sustentável, ok… mas muito nostálgico!) e, se você for fanático a ponto de visitar a loja em Luján não saia de lá sem as galletas Isabel e as bombitas de doce de leite. Affffff maria!

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Além fronteira!

Uruguai tem alfajores maravilhosos e marcas que tendem ao infinito. Se precisar escolher uma aposte no Nativo.

Está com viagem marcada para comprar muamba no Paraguai? Coloque na lista: comprar alfajor da marca La Marsellesa e, me agradeça depois. E para quem for passear na Colombia, aposte no Del Cerro.

No Brasil além da marca argentina Havanna você encontra os uruguaios Punta Ballena.

Em busca do alfajor perdido

Qual a história por trás do doce mais icônico dos argentinos?

Facundo Calabró, conhecido como o Catador de Alfajores tornou-se especialista no assunto. Em seu primeiro livro mergulha com profundidade em uma investigação minuciosa para descobrir as lendas por trás de grandes marcas, como o Capitán del Espacio. Além disso ensina como degustar uma alfajor para que a experiência seja perfeita e inesquecível. 

 

O livro pode ser adquirido pela internet (com uma alta taxa de envio) ou, nas livrarias espalhadas pela cidade. Se você estiver de viagem marcada, não deixe de trazer para casa (junto com uma caixa de alfajores)!

 

#naestantedoSobremesah

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