


A repercussão do chocolate rubi
Será que o chocolate Rubi da Callebaut é chocolate? Vai ser bem aceito? O que o torna tão especial?
por Zelia Frangioni
A notícia já tem alguns meses, mas, até agora, quase ninguém provou ou sabe exatamente como é o chocolate Ruby lançado pela Barry Callebaut para complementar o trio de chocolates branco, ao leite e amargo. O tal “quarto tipo de chocolate” é cor de rosa e tem sabor de frutas vermelhas sem sabor de chocolate, sem ter nada de corantes ou aromatizantes. Diz a empresa que cor e sabor são obtidos através de um processo especial de produção de um determinado cacau, que eles não dizem qual é. A lista de ingredientes também não foi divulgada. De acordo com a empresa, o público deste chocolate deve ser os “millenials”, ou seja, os jovens qua nasceram neste século e tem portanto perto de 20 anos de idade.
O lançamento deixou o mercado em polvorosa, com os potenciais clientes (os chocolatiers) empolgados e a concorrência e os especialistas desconfiados. A poeira já assentou, o produto ainda não está no mercado (tem previsão para o meio de 2018), mas já dá para fazer um resumo das expectativas.
Os elogios
Os chamados “millenials” são jovens grudados em seus smartphones, fotografam e publicam tudo que acontece em suas vidas. Sim, as fotos de chocolates cor de rosa vão chamar a atenção e conseguir muitas curtidas.
Além disso, a procura por produtos que tenham somente ingredientes naturais é uma tendência mundial e este é um chocolate diferente que atende à esta premissa, portanto espera-se que seja um sucesso. E nas mãos de chocolatiers experientes e criativos, o Ruby deve ser um ingrediente fantástico, pelo diferencial de cor natural e sabor.
As críticas
Eu andei mostrando a foto do Ruby para alguns “millenials” brasileiros, e a sensação que eles tem é que o produto não parece natural. Até eles estão acostumados com o chocolate marrom ou branco e estranham o rosa. Ouvi até um deles comentar que visualmente o chocolate parece sabonete.
Já do lado dos especialistas, sejam eles chocolate makers, produtores de cacau ou degustadores, a principal crítica é a falta de transparência. Coisas básicas como lista de ingredientes e porcentagem de cacau não foram divulgadas, bem como de onde vem e o que é esse cacau. Muitos acreditam que a cor rosa vem de grãos de cacau não (ou mal) fermentados, que são naturalmente arroxeados. Se for isso mesmo, o produto não terá sabor de chocolate, pois é a fermentação que produz este sabor. O especialista Clay Gordon provou o Ruby e disse que ele não tem sabor de chocolate. Todo esse segredo vai na contra-mão do que pregam os profissionais do mercado bean to bar que se esforçam para divulgar e promover o cacau fino e o chocolate feito a partir dele, com uma estratégia de transparência e compartilhamento de informações.
Outra coisa para pensar: a Barry Callebaut é uma empresa com sede na Suiça, resultado da união de uma empresa francesa (a Cacao Barry) com uma belga (a Callebaut). Bélgica e Suiça tem fama de serem os países dos melhores chocolates. Então por que o lançamento do Chocolate Ruby foi feito em Shangai? Porque a China é um mercado imenso, e lá os resultados dos testes do Ruby no mercado foram excelentes, de acordo com o CEO da empresa em publicação na revista Newsweek (link http://www.newsweek.com/world-first-dark-milk-white-or-ruby-chocolates-fourth-dimension-unveiled-china659792). Será que os testes não foram tão bem com os consumidores que realmente conhecem chocolate de qualidade?
A conclusão
Vamos ter que esperar para ver! Provavelmente os puristas não vão gostar, os chocolatiers vão criar receitas bem interessantes e os “millenials” chineses vão postar muito. No mercado brasileiro não deve ser diferente. Voltaremos ao assunto assim que o produto estiver disponível.
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